terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Cultura Popular

Alunos: Anderson Abrantes,Breno Perez, Cícero William Vital Marculino, Gislaine Alhadas Ribeiro

CULTURA POPULAR

Nos últimos vinte anos a cultura era dividida em duas: a erudita e a popular, entretanto havia uma fronteira móvel, podendo sempre identificar qual era erudita e qual era a popular. Chartier separa as diferentes definições sobre cultura popular em dois grandes modelos: o que a concebe como um sistema simbólico autônomo, e o que a percebe como dependente de referência a uma cultura dominante. O contraste entre essas duas perspectivas fundamentou todos os modelos cronológicos que contrariam um suposto auge da cultura popular e um tempo de censura e de constrangimentos que a desqualificam.
Chartier acredita que todas as formas culturais nas quais os historiadores haviam acreditado reconhecer a cultura do povo, permanecem hoje, como conjuntos mistos, abrangendo elementos de origens bem distintas, sendo assim, a cultura popular, é de alguma forma, aculturada e aculturadora: não podemos, portanto, identificá-la nem como totalmente distinta dos grupos dominadores, nem como totalmente por ela moldada.
Não há como distinguir a cultura popular através da distribuição, suposta e específica, de certos objetos ou códigos culturais. O que mais importa é a apropriação diferencial pelos grupos ou pelos indivíduos.

Palavras chaves: Diversidade cultural, reapropriação cultural, expressão popular.
Bibliografia:

CHARTIER, Roger. "Cultura popular": revisitando um conceito historiográfico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 8, n 16, 1995.

BURGUIÈRE, André. Dicionário das ciências históricas. Rio de Janeiro, Imago,1993.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Nova História Política e a Cultura Política

NOVA HISTORIA POLÍTICA E A CULTURA POLITICA

Luiz Renan Baster Pilar

Uma Nova Historia Política tomou consciência de sua dependência e de sua autonomia. Pois a interpretação dos fatos políticos não poderia se satisfazer com seu relacionamento com fatos anteriores da mesma natureza. O ator político individual ou coletivo está imerso num meio econômico, social e mental do qual não poderia se abstrair e que condiciona seu comportamento. Uma atitude política nunca é a simples projeção automática na vida publica de interesses econômicos e sociais imediatos.estes são refratados através da s mentalidades , que são prisões de longo prazo, podendo refletir tradições muito antigas.enquanto o acontecimento quer se trate de decisão de governantes ou de uma intervenção de massas populares pode contribuir para modificar de modo profundo às estruturas econômicas e sociais.
A historia política passou a aceitar fazer parte da historia total. Conforme a orientação preconizada por Marc Bloch e Lucien Febvre a historia se voltou para as ciências humanas, sociologia e ciência política, tomando de empréstimos seus métodos adaptando-as aos estudos das formações políticas do passado.
Assim o método estatístico encontrou um grande campo de aplicação na sociologia eleitoral retrospectiva. O que naturalmente levou os pesquisadores para os procedimentos informáticos, especialmente para as analises dos fatores, e para iluminar as correlações de modo mais sistemático. O papel crescente do Estado nas sociedades contemporâneas - estado providencia/ planificado/ regulador - tendem aumentar o interesse dos estudos dos poderes, dos partidos, da opinião publica.
Logo o fato do acontecimento passou a ser mais bem esclarecido por meio de sua inserção de longo prazo e na interação de fatores conhecidos com uma crescente precisão: à parte do acaso, da psicologia individual, da causalidade linear, reduzida o acontecimento pode se tornar objeto de uma compreensão mais cientifica é com razão sua reabilitação.
Nesta nova historia política abre-se espaço para a discussão da multiplicidade de praticas e instituições políticas, como também as crenças, normas, ideais, tradições que dão significado a vida política em determinado contexto. Dos recentes estudos da ciência política veio a se difundir o uso da expressão da cultura política para designar os conjuntos de atitudes, normas, crenças partilhadas por membros de uma unidade social tendo como objeto fenômenos políticos. Alem do direito e deveres dos cidadãos em participar da vida política, a obrigação de aceitar a decisão da maioria, a exclusão ou não do recurso a formas violentas de ação, as linguagens e os símbolos especificamente políticos, como as bandeiras ou palavras de ordem.
Depois de haverem definido a cultura política como “conjunto de tendências psicológicas de uma sociedade em relação à política” se distinguem três tipos de tendências que o individuo pode assumir em relação a um fato social; a cognitiva se refere ao conjunto de conhecimento e crenças relativo ao sistema político e da relação dos papeis de seus titulares; a afetiva se relaciona aos sentimentos em relação ao sistema e suas estruturas; a valorativa compreende as opiniões sobre fenômenos políticos.
O primeiro tipo de cultura política ocorre em sociedades simples onde os papéis de instituições puramente políticas não existem e se misturam com estruturas de caráter econômico ou religioso. Um segundo tipo chamado de cultura política de sujeição existe quando o sentimento e conhecimento de uma sociedade estão voltados pra o sistema político atento ao sistema administrativo responsável na pratica pelas execuções de decisões. O terceiro tipo é chamado de cultura política de participação que visa ambos os aspectos do sistema, mas com enfoco na posição ativa de cada um.
Naturalmente não é preciso dizer que os tipos acima são meramente teóricos só passiveis em casos de absoluta homogeneidade da cultura política. Pois na pratica só se encontram políticas de tipo mistas resultantes de combinações diversas. Podemos pensar que a cultura política de uma sociedade é constituída por um conjunto de subculturas, de normas e valores diversos contrastes em si. Em sociedades complexas articuladas em estruturas diferenciadas resultantes de agregação e comunidades com historias e tradições diversas; estas subculturas são sobrevivências de divisões étnicas e lingüísticas, por exemplo. Do ponto de vista político, a cultura política depende de formas de pensamentos, símbolos e organizações que resultem em forças políticas.
Outra distinção importante é a da cultura política das elites e cultura política das massas. A analise da cultura política de elite no poder ou na oposição é de grande importância, basta pensar no papel que desempenham a elite nos temas de debates políticos, na formação de coalizões, ou nas fases de reestruturação do sistema como ocorrem no momento de passagem de um regime a outro.
A renovação da historia política foi, portanto praticada pela transposição para esse domínio das exigências e métodos que haviam garantido a historia econômica e social, e a historia das mentalidades e comportamentos. A revolução praticada nas pesquisas pelos promotores da nova historia com seu método inovador: recusa da separação entre ciências humanas, necessidade da hipótese, colocação em evidencia dos múltiplos fatores do movimento histórico, utilização de métodos estáticos no estudo das estruturas e dos fenômenos em longo prazo. Os afastaram da tradicional forma de historia e se revelaram fecundos para renovar a historia política.

BIBLIOGRAFIA

Bobbio, Norberto. Dicionário de política. Editora UNB. 11ª edição. 1998

Lê Goff, J. e Nora, P. Historia: novas abordagens. Editora: Francisco Alves. 1988

História Oral

Alunos: Andressa Aguiar, Felipe dos Santos, Killvyane Cortese, Rafane Paixão, Sirlane Marques

História Oral

A história oral é a utilização metodológica de fontes orais pelo historiador. Os historiadores gregos antigos como Heródoto e Tucídides, por exemplo, não tinham outra alternativa a não ser utilizar relatos orais.
A importância da tradição oral, no registro da história, era enorme e passada de geração a geração. Entretanto, ao longo do tempo, essa importância foi dando lugar à escrita por conta de fatores como a invenção da imprensa e a alfabetização, que contribuíram amplamente para a valorização das fontes escritas frente às orais, tida cada vez mais como inferior. Nesse processo de inversão de fontes documentais, pode-se distinguir duas etapas: a crítica feita, pela erudição beneditina moderna, no século XVII, às lendas orais das origens de Roma e à hagiografia medieval e a constituição, com base no positivismo, da História enquanto ciência apoiando-se, exclusivamente, no documento escrito, a partir do século XVIII.
Em princípios de 1930, nos Estados Unidos, se inicia a história oral moderna, com a investigação sobre a memória dos antigos escravos a partir de relatos orais. Mas é aproximadamente na década de 1980, que ela conquista a Europa ocidental. P. Joutard aponta que a nova História oral estaria ligada as transformações das disciplinas históricas e ao processo de evolução das sociedades ocidentais, pois a tecnologia, cada vez mais, facilita o contato verbal em detrimento do relato escrito. Além disso, também torna possível que indivíduos geralmente “excluídos” da história oficial, tal como as minorias, possam ser ouvidos. É o caso das mulheres, minorias étnicas, mundos populares, entre outros.
Outro de seus grandes êxitos é, a sua capacidade em poder estar presente na vida cotidiana, no mais banal, desde os comportamentos familiares, passando pelos rituais, e as redes de sociabilidade. Até na história clássica, onde os documentos escritos são mais presentes, ela pode ter seu lugar. Na vida política, por exemplo, as conversas podem atribuir grande valor no sentindo de paliar possíveis lacunas ou até mesmo fornecer um outro ponto de vista sobre os fatos passados.
A história oral permite uma mais profunda investigação a sujeitos e fatos pouco noticiados, ela faz com que apareçam outras motivações como, por exemplo, as redes paralelas de poder e as formas de resistência ao enquadramento oficial.
A história oral não dispensa os métodos comprovados da crítica histórica, ela atua no sentido de complementar os outros tipos de fontes. Tornou-se, então, cada vez mais clara a importância da utilização da fonte oral, pois ela pode ultrapassar as engessadas formas e o racionalismo dos recursos escritos e ir mais além, o que é muito bem-vindo em uma história que se quer cada vez mais antropológica.

Palavras-chaves: memória, testemunho, investigação oral, lacuna documental.

Bibliografia:

JOUTARD, Philippe. História Oral. IN: Dicionário das Ciências Históricas. BURGUIERE, André (Org.). Rio de Janeiro, Imago, 1993.

SIMSON, Olga, Roteiro Didático. Laboratório de História Oral (LAHO). Disponível em:
http://www.centrodememoria.unicamp.br/laho/roteiro.html Acessado em: 05/11/2009 às 15:00.

TRUESDELL, Bárbara. Oral History Techniques. Disponível em: http://www.indiana.edu/~cshm/oral_history_techniques.pdf Acessado em: 05/11/2009 às 14:30.

Cinema e História

Cinema e História

O cinema exerce a função de agente da história e sua ação sócio-política pode possuir até mais poder que as instituições que o utilizam como meio de propagação de ideologias. Os nazistas utilizaram amplamente o cinema. Toda produção cinematográfica era controlada, do roteiro até a música. Para garantir a difusão espalharam 70.000 projetores de filmes por escolas e universidades, aumentaram o número de sessões – algumas gratuitas. Na União Soviética, havia total percepção do poder do cinema, porém não existiu o controle absoluto da produção apenas da mensagem explícita da obra. Alguns cineastas soviéticos mesmo a favor do regime conseguiram realizar filmes que fugiam da ideologia vigente. Nos países democráticos, o cinema também foi usado como propaganda de Estado e com uma política orientada pra isso. Durante a II Guerra, os Estados Unidos montaram um programa de distribuição de filmes que justificassem a entrada na guerra e a aliança com os soviéticos. Paralelamente os próprios estúdios já produziam filmes que exaltavam a cultura nacional. Não devemos somente entender o filme na forma de documentário ou ficção, também existe a modalidade do cinema publicidade que tem ação mais direta e de grande desempenho.
Parte da função do cinema foi alterada pela TV, podendo ser entendida como multiplicação da atividade do cinema por transmitir filmes ou limitadora, devido a produção própria. Os dois meios não convergem necessariamente, na URSS a TV seguia o discurso estatal, diferente do cinema. O cineasta russo Andrei Tarkovski é um dos exemplos da fuga da ideologia oficial, pois expressou em seus filmes sua visão de mundo, se distanciando da imposta pelo o governo soviético. Nestes casos onde a opinião do autor sobressai a qualquer imposição, ocorre uma quebra no monopólio do discurso sobre a sociedade, a obra, no caso o filme, entra para o cenário político. Como outros exemplos da influência do cinema na vivência política, Marc Ferro também destaca os cineastas René Clair e Jean-Luc Godard que impactaram a juventude de maio de 1968 com os filmes da Nouvelle Vague, sendo um movimento artístico do cinema que contestava os anos 60, a política e a cultura impostas pelas potências que lideravam os blocos em conflito na Guerra Fria.
O historiador, em sua análise do documento fílmico, deve se interessar pelas formas específicas da ação do cinema. O que M. Ferro quer dizer está relacionado não com as “formas específicas” do romance ou as do discurso político, mas sim as concernentes à própria linguagem cinematográfica (efeitos zoom, utilização da montagem paralela, uso do espaço fora-da-tela num contexto inesperado etc.) e às suas inovações, que podem interferir nas próprias condições de recepção do filme. Nesse sentido, sabendo que a arte cinematográfica trabalha com a forma para mexer com a imaginação do espectador, o filme fica à mercê do próprio público, de sua cultura, podendo causar impacto, ou não – obras como a de Charles Chaplin, por exemplo, sobrevivem ao tempo e são capazes de gerar boas reflexões, enquanto outros filmes não são relevados, o que não aponta para sua descartabilidade - apenas comprova sua condição frente ao aspecto cultural, podendo posteriormente ganhar certa atenção. Sendo assim, nos EUA, a produção dos filmes teve que considerar a alteridade em relação aos espectadores que iam ao cinema, buscando não chocar a sensibilidade nem dos judeus, nem dos negros, nem dos irlandeses, agradando a um grande número de pessoas. Ferro diz também que um dos aspectos da relação cinema-história menos estudados é a história da própria produção cinematográfica, marcada por rivalidades entre os vários setores de produção envolvidos num projeto, que são ocultadas às vezes pela publicidade e até mesmo pela crítica –esses conflitos de poder se estendem à concorrência frente à TV e seus telefilmes.
Marc Ferro aponta para dois tipos de abordagem: o filme como documento do presente e o filme como representação do passado. No primeiro caso, o filme é entendido assim por fornecer informações (diretas ou indiretas) sobre a sociedade contemporânea a sua produção. Essas informações são passadas independentemente da intenção do filme, ou seja, sendo um documentário ou noticiário, cuja função é justamente informar ou em uma obra de ficção, que não tem necessariamente essa função. É evidente que existem escolas de cineastas que pretendem revelar, sob forma de divertimento, o funcionamento social e político de seu tempo. Por exemplo: Fritz Lang, Renoir, Victorio de Sica. Já no segundo caso, o filme é entendido como uma fonte, uma “bibliografia”. Sendo assim, se questionado poderia revelar elementos do passado.

Palavras-chave: ideologia, propaganda, arquivo, documento, filme, política.

FERRO, Marc. Cinema e História. IN: Dicionário das Ciências Históricas. BURGUIERE, André (Org.). Rio de Janeiro: Imago, 1993.

Imagem

GABRIEL CLAVERIA, GENICE, HÉLVIA E JADIER.

Imagem

Por muito tempo a imagem foi deixada para colecionadores, museólogos e historiadores da arte não sendo dado como documento histórico e estudado numa perspectiva de reconhecer ali as relações sociais daqueles que às produziram. Assim, diferente da historia da arte, cujo foco inicial se encontrava no objeto de arte e parte de princípios de uma teoria estética e da categoria do belo, o “historiador da imagem” parte da visão das relações sociais e motivos para a produção daquelas imagens.
Pensando que a história da imagem leva em conta as relações e experiências sociais dos indivíduos que produzem os documentos, estes não se focam apenas nas grandes obras de arte, mas também nas pequenas imagens, sejam selos ou mapas, abrangendo uma maior “área de documentação” além de relacionar a produção cultural à definição de “padrões da cultura visual”. Trabalham com a perspectiva de função exercida pelo documento e faz um trabalho investigativo em cima do objeto, vendo na imagem uma “fonte de estudo da cultural visual”, compreendendo que, os significados dos elementos das imagens é um processo social que vai sendo construído a partir das experiências e vivencias das sociedades que as formam. Analisando a imagem com o conceito de cultura visual, significa reconhecer na imagem uma construção histórica (M. JAY; W.J.T. MITCHELL) onde a visão não é dada como natural, inocente, mas importante questionar a mensagem que ela transmite. Além disso, na história da imagem esta não está só, mas é parte de uma relação entre fontes visuais e outras como documentos escritos.

Palavras-chave: história da arte, cultura visual, historiador da imagem, documento histórico, relações sociais, construção histórica.

Bibliografia:

http://www.historia.uff.br/labhoi/ - 29/11/2009
O desafio de fazer história com imagens: arte e cultura visual, Paulo Knauss , Artcultura - Revista do Instituto de História da UFU, Volume 8, Number 12, Uberlândia, p.97-115, (2006)

Burguière, André (org.). “Dicionário das Ciências Históricas – Verbete Imagem por R. Chartier”. Imago.

Cinema e História/ História das Mentalidades

Cinema e História
Pedro Mota Pereira e Luiza Fernandes Brandão

Desde sua criação os filmes vem exercendo um papel de agentes da história. Um dos maiores exemplos disso é que durante a segunda guerra e seguindo pela guerra fria a produção cinematográfica foi apropriada por governos e usada como veículo político e ideológico. Na alemanha nazista Goebbels pos em prática um mecanismo de controle sobre o cinema e a distribuição de filmes, na URSS o filme Encouraçado Potemkin – considerado um marco da montagem cinematográfica – foi feito sob encomenda do estado para celebrar os vinte anos da Revolução Russa, enquanto que nos EUA o cinema foi utilizado para fins propagandistas pró-guerra e para noticiar o progesso aliado contra as forças do eixo.
Apesar disso, como M. Ferro nos mostra, filmes são em muitos casos tratados por historiadores como formas de representação da sociedade – ora revelando aspectos mais ocultos e desagradáveis – e contém em si, a visão de mundo dos cineastas (sendo objetos tão pessoais para estes quando um quadro é para um pintor ou um livro para um escritor). É graças a essa afinidade que cineastas como Eisenstein foram capazes de criar obras primas que viveram além da ideologia do estado, além do controle que tentava ser exercido. Outro exemplo é Godard na França com sua Nouvelle Vague ou então Chaplin nos EUA, que foi perseguido por sua posição esquerdista, mas não o impediu de continuar a nos prestigiar com seu olhar único e cômico. Parte do exito de Chaplin foi a produção de filmes que tem seu impacto em diversas culturas e públicos, marca comum do cinema norte americano, que tem por objetivo agradar o maior número de espectadores.
O outro lado da dualidade abordada por Ferro é, de acordo com ele, mais recente. Os filmes, quer sejam documentários ou ficções, passaram a ser entendidos como documentos e arquivos, que mesmo não sendo retrados fiéis e precisos, serviam ao propósito de passar informações sobre uma sociedade comtemporânea. Dessa forma o autor faz uma crítica ao pouco estudo que é dado a produção do filmes e o que se passa em seus bastidores, para a compreensão mais ampla dos diferentes significados de uma obra cinematográfica, devemos procurar nas entrelinhas de sua produção.
Com essa visão Marc Ferro se posiciona em cima do muro no que diz respeito a dicussão do filme como fonte e o filme como objeto. Para ele os filmes são objetos, mas que que trazem significados que vão além do meio cinematográfico e transitam por questões sociais, políticas e pessoais. Já na análise semiótica, o filme acaba por ser repartido em sinais a serem analisados e compreendidos, de forma mais fria e distante, seguindo certos padrões de busca nos sinais: época em que o filme foi feito, ideologias, público alvo etc. Dentre esses sinais, a narrativa é a mais privilegiada para a decodificação, porque é vista como signo que guia o filme, sendo a imagem um elemento conotador.

Palavras chaves: filmes, narrativa, ideologia, política e cultura.

Bibliografia: FERRO, Marc. “Cinema e história” In: BURGUIÉRE, André (org) Dicionário das ciências históricas, Rio de Janeiro: Imago Ed., 1993.

CARDOSO, Ciro Flammarion; MAUAD, Ana Maria. "História e Imagem: os Exemplos da Fotografia e do Cinema" In: CARDOSO, Ciro Flammarion; VAINFAS, Ronaldo (Org) Domínios da História: Ensaios de Teoria e Metodologia, Rio de Janeiro: Editora Campus, 1997

História das Mentalidades
Pedro Mota Pereira e Luiza Fernandes Brandão

Toda nova teoria de método histórico traz consigo, além de novas questões, uma nova possibilidade de ponto de vista para abordar os problemas que o historiador se defronta. O ramo de teoria da História conhecida como História das Mentalidades começa a despontar no início do século XX (“Os Reis Taumaturgos”, escrito em 1924 por Marc Bloch, é reconhecida como a obra que inaugura essa corrente de pensamento) e revista na pelos historiadores da Nova História, como Jacques Le Goff e Georges Duby, na década de 1980. A grande inovação proposta é justamente considerar o plano dos fenômenos mentais, pois este seria o relato mais fidedigno e abrangente, já que considera uma gama maior possibilidades de análise, como a da cultura.
Mas o que definiria esses “fenômenos mentais”? Os padrões destes fenômenos são definidos a partir de um sistema de valores comuns, e é o sistema de valores que permite ou não a integração dos indivíduos à sociedade. Pois cada sociedade tem um conjunto próprio de ideologias, (ou seja, um sistema lógico de representações mentais, materiais, simbólicas, políticas e sociais) que constroem um quadro geral da chamada mentalidade.
Há alguns pontos importantes que devemos considerar ao tratar do conceito ideologia, já que estamos considerando este um conceito amplo que não se limita ao campo político ou a nenhum outro. São sistemas completos e integracionistas, que implicam em uma visão de mundo consolidada dentro de suas diretrizes. Mas não são tão padronizados quanto pretendem, já trazem consigo uma série de irregularidades e deformidades. No entanto, ainda que não sejam uniformes, são sistemas coerentes, pois se desenvolvem dentro do mesmo conjunto cultural que possui as mesmas tradições e língua. São, em última instância, uma interpretação do vivido e do real.
São estas ideologias o objeto de estudo do historiar que pretende balizar seu estudo segundo a História das Mentalidades. A partir da memória de um período, seja ela objetiva ou mítica, os historiadores estabelecem um paralelo entre o vivido e sua representação para construção da História, já que a relação entre os dois é naturalmente íntima e correlata.
A princípio, a História das Mentalidades pode parecer uma teoria elitista que se preocupa apenas com as grandes idéias e com as ideologias das classes ou grupos sócias dominantes. Porém, na verdade, o que muda não é a importância dada às ideologias “populares” ou contestatórias, e sim a maneira que estas ideologias são estudadas. Quanto a estas, os historiadores estudam a força e maneira que foram repreendidas, já que é justamente por isso é impossível avaliar seu impacto na mentalidade da sociedade estudada.

ARIÈS, Philippe. “L’Histoire des Mentalités”. In: LE GOFF, Jacques ;CHARTIER, Roger; REVEL, Jacques (dir) Les Encyclopedies du Savoir Moderne : La Nouvelle Histoire. (Paris: CEPL, 1978)

DUBY, Georges. “História Social e Ideologias das Sociedades”. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (org.) História : Novos Problemas. (Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves editora S.A. 1979)

Ideologia

IDEOLOGIA

É no século XVIII que surge o termo ideologia proposto por Destutt de Tracy para designar o estudo das idéias. Mas é só a paritr do século XIX que surgem as definições mais abrangentes, entendendo-se por ideologia o conjunto de idéias ou crenças mais ou menos coerentes que se constituem em formas de compreender o mundo(é, pois, neste período que surgem idéias como o liberalismo, o socialismo, o marxismo e o anarquismo, por exemplo). Portanto, não há nenhuma sociedade que seja desprovida de ideologia, ou mais precisamente, de ideologias. “Ideologias” (no plural), não só porque classes sociais diferentes possuem diferenças ideológicas, mas também porque no seio das próprias classes há divergências na forma do pensar. Foi também no século XIX, que o termo ganhou uma conotação um pouco mais pejorativa, ou se se preferir, um pouco mais política. Karl Marx propôs que as idéias dominantes de uma determinada época são as idéias da classe dominante e que o único modo de superar as contradições que ele enxergava no interior do capitalismo era uma combinação entre teoria e prática revolucionárias. A partir daí o campo ideológico passou a ser objeto de disputa dos pretendentes ou a manutenção ou a transformação das sociedades, sempre com vantagem para os defensores do status quo, na medida em que existe uma afinidade estrutural entre essas formas ideológicas e a estrutura reprodutiva material da sociedade. Decorre daí, que o senso comum (alvo principal destas disputas), antes de ser um tipo de “fé” do elemento amorfo da sociedade, é um uma atitude ativa das massas que reconhecem, por exemplo, a “normalidade capitalista” e que espera ter suas expectativas básicas confirmadas pela reprodução social (o que não ocorre em períodos de crise, facilitando a expansão da ideologia crítica). Conclui-se então, que não só os discursos que proclamam o fim da ideologia, como a própria ciência - tida como isenta de ideologia e neutra, podem ser apreendidas como posturas ideológicas, tanto quanto os campos mais conhecidos como lugares de conflitos ideológicos.

Palavras-chave:

Discurso; idéias; política; teoria; marxismo.

BOBBIO, Norberto, MATTEUTI, Nicola e PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1998.

CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. Coleção Primeiros Passos. Ed. Brasiliense, São Paulo, 1984.

História Urbana

Grupo: Augusto César Pimentel, Bárbara Skaba, Marco Antonio de Carvalho e Mauricio Cunha Ferreira

HISTÓRIA URBANA

A História Urbana estuda o desenvolvimento e o papel desempenhado pelas cidades na História. A partir do estudo local, procura explicar fenômenos de ordem nacional, contribuindo para a reinterpretação da história geral. Três tendências se mostraram nesse campo: 1) escola que privilegia períodos curtos e trabalha com política, instituições e vida comercial; 2) escola que estuda as redes urbanas, a regionalização e as trocas entre urbano e rural; 3) escola que define-se mais no plano cultural e social da urbanização, dedicando-se à análise dos problemas das cidades. Nos últimos 20 anos, as três tendências têm influenciado os historiadores, que passaram a estudar não apenas o fenômeno de urbanização, mas também a relação do quadro urbano com a atividade humana.

Desde o início, a História Urbana se definiu como interdisciplinar, tendo contribuições da Geografia, Sociologia, Antropologia, Demografia e Economia entre outras. No que diz respeito à sua inserção no conjunto da História, duas posições antagônicas se afirmaram: 1) a História Urbana como campo de conhecimento específico e diferenciado do resto da produção historiográfica; 2) a cidade enquanto processo e o urbano como local onde os embates e as transformações sociais acontecem.

A História Urbana se desenvolveu de formas diferentes em cada país ou região. Na França, as três escolas são representadas: a primeira, pelo historiador Pierre Goubert; a segunda, pelo geógrafo Jean Gottman; a terceira, pelo historiador Marcel Poète. Esse campo de pesquisa teve representação no país também por Henri Pirenne e pela Escola dos Annales. Nos Estados Unidos, a História Urbana se desenvolveu na década de 1930, devido à influência da urbanização na consciência histórica do país. A partir da década de 1960, volta-se da história institucional para a social, com a chamada “Nova História Urbana”, pesquisando a exclusão social nas cidades.

Na América do Sul não identificamos um núcleo especifico de história urbana e sim estudos próximos ao tema, como a história do sindicalismo sul-americano, mentalidades, política, cultura e cotidiano.

No Brasil, a História Urbana, assim como a própria urbanização, é recente, datando da década de 1960. Ainda hoje, esses estudos são feitos, em sua maior parte, por arquitetos e urbanistas, mas a produção histórica vem crescendo, principalmente com a criação de grupos e linhas de pesquisa sobre o campo nas principais universidades do país.


Palavras-chave: urbanização – arquitetura – cidade – regionalização - sociedade

Referências bibliográficas:

BURGUIÈRE, André (org.). Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

FERNANDES, Ana; GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras. História da cidade e do urbanismo no Brasil: reflexões sobre a produção recente. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252004000200015&script=sci_arttext. Acesso em 31 de outubro de 2009.

LIBRARY THING. Pierre Goubert. Disponível em: http://br.librarything.com/author/goubertpierre. Acesso em 4 de novembro de 2009.

PAYRE, Renaud. Review of Donatella Calabi. Marcel Poete et le Paris des Annees vingt: aux Origines de l'histoire des villes. H-Urban, setembro de 1998. Disponível em http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=2310. Acesso em 4 de novembro de 2009.

SILVA, Luís Octávio da. História urbana: uma revisão da literatura epistemológica em inglês. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0250-71612002008300003&lng=es&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 31 de outubro de 2009.
WIKIPEDIA. Jean Gottmann. Disponível Em:

http://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Gottmann. Acesso em 4 de novembro de 2009.


CHRISTALLER, Walter. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-05].

Disponível em: http://www.infopedia.pt/$walter-christaller>
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BETHEL, Leslie. (org.). História da América Latina, Volume 6. São Paulo: EDUSP, 2008, ISBN: 8531408539