sábado, 12 de dezembro de 2009

Nova História Política e a Cultura Política

NOVA HISTORIA POLÍTICA E A CULTURA POLITICA

Luiz Renan Baster Pilar

Uma Nova Historia Política tomou consciência de sua dependência e de sua autonomia. Pois a interpretação dos fatos políticos não poderia se satisfazer com seu relacionamento com fatos anteriores da mesma natureza. O ator político individual ou coletivo está imerso num meio econômico, social e mental do qual não poderia se abstrair e que condiciona seu comportamento. Uma atitude política nunca é a simples projeção automática na vida publica de interesses econômicos e sociais imediatos.estes são refratados através da s mentalidades , que são prisões de longo prazo, podendo refletir tradições muito antigas.enquanto o acontecimento quer se trate de decisão de governantes ou de uma intervenção de massas populares pode contribuir para modificar de modo profundo às estruturas econômicas e sociais.
A historia política passou a aceitar fazer parte da historia total. Conforme a orientação preconizada por Marc Bloch e Lucien Febvre a historia se voltou para as ciências humanas, sociologia e ciência política, tomando de empréstimos seus métodos adaptando-as aos estudos das formações políticas do passado.
Assim o método estatístico encontrou um grande campo de aplicação na sociologia eleitoral retrospectiva. O que naturalmente levou os pesquisadores para os procedimentos informáticos, especialmente para as analises dos fatores, e para iluminar as correlações de modo mais sistemático. O papel crescente do Estado nas sociedades contemporâneas - estado providencia/ planificado/ regulador - tendem aumentar o interesse dos estudos dos poderes, dos partidos, da opinião publica.
Logo o fato do acontecimento passou a ser mais bem esclarecido por meio de sua inserção de longo prazo e na interação de fatores conhecidos com uma crescente precisão: à parte do acaso, da psicologia individual, da causalidade linear, reduzida o acontecimento pode se tornar objeto de uma compreensão mais cientifica é com razão sua reabilitação.
Nesta nova historia política abre-se espaço para a discussão da multiplicidade de praticas e instituições políticas, como também as crenças, normas, ideais, tradições que dão significado a vida política em determinado contexto. Dos recentes estudos da ciência política veio a se difundir o uso da expressão da cultura política para designar os conjuntos de atitudes, normas, crenças partilhadas por membros de uma unidade social tendo como objeto fenômenos políticos. Alem do direito e deveres dos cidadãos em participar da vida política, a obrigação de aceitar a decisão da maioria, a exclusão ou não do recurso a formas violentas de ação, as linguagens e os símbolos especificamente políticos, como as bandeiras ou palavras de ordem.
Depois de haverem definido a cultura política como “conjunto de tendências psicológicas de uma sociedade em relação à política” se distinguem três tipos de tendências que o individuo pode assumir em relação a um fato social; a cognitiva se refere ao conjunto de conhecimento e crenças relativo ao sistema político e da relação dos papeis de seus titulares; a afetiva se relaciona aos sentimentos em relação ao sistema e suas estruturas; a valorativa compreende as opiniões sobre fenômenos políticos.
O primeiro tipo de cultura política ocorre em sociedades simples onde os papéis de instituições puramente políticas não existem e se misturam com estruturas de caráter econômico ou religioso. Um segundo tipo chamado de cultura política de sujeição existe quando o sentimento e conhecimento de uma sociedade estão voltados pra o sistema político atento ao sistema administrativo responsável na pratica pelas execuções de decisões. O terceiro tipo é chamado de cultura política de participação que visa ambos os aspectos do sistema, mas com enfoco na posição ativa de cada um.
Naturalmente não é preciso dizer que os tipos acima são meramente teóricos só passiveis em casos de absoluta homogeneidade da cultura política. Pois na pratica só se encontram políticas de tipo mistas resultantes de combinações diversas. Podemos pensar que a cultura política de uma sociedade é constituída por um conjunto de subculturas, de normas e valores diversos contrastes em si. Em sociedades complexas articuladas em estruturas diferenciadas resultantes de agregação e comunidades com historias e tradições diversas; estas subculturas são sobrevivências de divisões étnicas e lingüísticas, por exemplo. Do ponto de vista político, a cultura política depende de formas de pensamentos, símbolos e organizações que resultem em forças políticas.
Outra distinção importante é a da cultura política das elites e cultura política das massas. A analise da cultura política de elite no poder ou na oposição é de grande importância, basta pensar no papel que desempenham a elite nos temas de debates políticos, na formação de coalizões, ou nas fases de reestruturação do sistema como ocorrem no momento de passagem de um regime a outro.
A renovação da historia política foi, portanto praticada pela transposição para esse domínio das exigências e métodos que haviam garantido a historia econômica e social, e a historia das mentalidades e comportamentos. A revolução praticada nas pesquisas pelos promotores da nova historia com seu método inovador: recusa da separação entre ciências humanas, necessidade da hipótese, colocação em evidencia dos múltiplos fatores do movimento histórico, utilização de métodos estáticos no estudo das estruturas e dos fenômenos em longo prazo. Os afastaram da tradicional forma de historia e se revelaram fecundos para renovar a historia política.

BIBLIOGRAFIA

Bobbio, Norberto. Dicionário de política. Editora UNB. 11ª edição. 1998

Lê Goff, J. e Nora, P. Historia: novas abordagens. Editora: Francisco Alves. 1988

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